Dissertação de Mestrado (IE UFRJ) – Determinantes da acumulação de capital no Brasil entre 2000 e 2016: lucratividade, distribuição, tecnologia e financeirização

No dia 13/05/2019 eu defendi minha dissertação de Mestrado no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O trabalho foi orientado pelos Prof. Eduardo Costa Pinto (UFRJ) e Prof. Adalmir Marquetti (PUCRS) e avaliado, além de aprovado, também pelo Prof. Miguel Bruno (ENCE-IBGE, UERJ e Mackenzie-Rio) e Profa. Denise Lobato Gentil (UFRJ). Apesar da orientação, o conteúdo é de inteira responsabilidade minha.

O trabalho intitulado Determinantes da acumulação de capital no Brasil entre 2000 e 2016: lucratividade, distribuição, tecnologia e financeirização pode ser acessado clicando aqui ou acessando o sítio do Instituto de Economia da UFRJ (http://www.ie.ufrj.br/images/pos-graducao/ppge/dissertacoes_teses/2019/mestrado/bruno_miller_theodosio_d4cf8.pdf)

Resumo

O tema desta pesquisa é a dinâmica econômica do Brasil entre 2000 e 2016 a partir da taxa de lucro e seus determinantes (tecnologia, distribuição e demanda), ligando o tema da lucratividade com a financeirização da economia brasileira. A taxa de lucro é uma variável central na análise da acumulação de capital e no desempenho das economias capitalistas. Partindo de uma perspectiva marxista, a taxa de lucro realizada impacta na lucratividade esperada das empresas e influencia os planos de investimento dos capitalistas e o nível de emprego da economia. Estimamos a taxa de lucro sobre o estoque de capital fixo para o Brasil a partir dos dados das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para os dados de estoque de capital, utilizamos o Método dos Estoques Perpétuos (MEP) e para a distribuição a abordagem de Gollin (2002). Utilizamos a metodologia de Weisskopf (1979) para decompor a taxa de lucro em seus determinantes tecnológicos, distributivos e de demanda, pois a decomposição permite entender o impacto da lucratividade no desempenho econômico brasileiro no período medido pelo nível de atividade, inflação, emprego e renda, finanças públicas e o setor externo. O panorama geral do período foi de crescimento com distribuição de renda em favor dos salários entre 2003 e 2010 e queda da taxa de lucro a partir de 2011 e crise a partir de 2014. Apontamos que o governo Lula se sustentou por conta de um pacto social entre as frações bancário-financeiras do capital e os trabalhadores, sob tutela do lulismo. O governo Dilma, ao enfrentar os ganhos rentistas perdeu sustentação política e sofreu o revés dos erros de política econômica adotados em um ambiente de redução do dinamismo chinês e queda da lucratividade. Estimamos, também um Ciclo de Goodwin para o período que aponta na direção da cooperação entre capitalistas e trabalhadores sob a Era Lula e competição sob o governo Dilma. Em seguida, avançamos no estudo da financeirização brasileira mostrando a carga dos juros na renda (rentier-share), discutindo o impacto negativo da austeridade fiscal em 2015 e apontando para fatos particulares da financeirização brasileira como o poder dos bancos comerciais e a concentração do setor. Finalmente, é apresentada a discussão sobre o nexo lucro-investimento e a falsa oposição entre juro e lucro de um ponto de vista marxista. Por fim, utilizamos os dados da Economática acerca dos balanços patrimoniais para empresas brasileiras para calcular a taxa de lucro sobre o patrimônio líquido (ROE) em busca de explicações, no nível das firmas, para os impactos da financeirização na dinâmica da taxa de lucro no período. A decomposição da taxa de lucro sobre o patrimônio líquido em retorno sobre os ativos (ROA) e alavancagem (AL) permite mostrar a relação de cooperação entre finanças e produção­ no período de 2003 a 2010 e a disfuncionalidade das finanças para a acumulação partir ­de 2011, quando a lucratividade caiu em conjunto com o aumento da alavancagem, mostrando que as empresas adquiriram ativos se financiando com capital de terceiros.

Palavras-chave: Taxa de lucro; Financeirização, Economia Brasileira

Defesa